O arranjo das coisas: memória, história e fotografias
Esta comunicação pretende discutir aspectos do meu trabalho como investigador, fotógrafo e professor. Convoca texto e imagens - fotografias e vídeo, como um arquivo elíptico, procurando relacionar os diferentes materiais de investigação, e os formatos editoriais distintos, seja o ensaio, a edição em livro, a exposição ou a plataforma web.
Para Walter Benjamin, a catástrofe da história era a insistência no modelo orgânico ou progressivo, em que «as coisas simplesmente continuam», considerando que não se podia pensar a história sem incorrer no efeito Medusa, sem a capacidade de imobilizar o movimento histórico, de isolar o detalhe de um acontecimento/evento do continuum da história. Ao nomear a analogia entre história e fotografia, linguagem e fotografia, Eduardo Cadava afirma que «não há palavra ou imagem que não seja assombrada pela história». Esta tese remete para o aforismo de Benjamin de que «a história não pode ocorrer sem o evento da linguagem, sem o correspondente surgimento de uma imagem.»
Nota biográfica
Lisboa, 1965.
Estudos de fotografia no Ar.Co. em Lisboa (1984/85);
Licenciatura em História, Universidade Lusíada, Lisboa (1992);
Mestrado em Imagem e Comunicação, Goldsmith’s College, Londres (1997).
Doutoramento em Estudos de Fotografia, pela Universidade de Westminster, Londres (2011).
Investigador no Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa.
Desde 1997 o seu trabalho fotográfico tem como interesse lugares, paisagem, arquitectura e espaço público. Reunidas em séries as suas fotografias, têm uma filiação descritiva ou realista, ensaindo um ponto de vista crítico com assuntos e lugares fotografados. Persiste no seu trabalho a ideia de associar arquitectura (objecto) a contexto evolvente e uso quotidiano, ensaiando a possibilidade de (re)criar um ‘lugar’ fotográfico, como uma alegoria do lugar comum.
Expõe e edita regularmente desde 1998.