Bibliotecando em Tomar 2019

Memória, Esquecimento e Inovação: Leituras de sempre

Pelo décimo ano consecutivo, decorrerá em Tomar no primeiro fim de semana do mês de maio (3 e 4) o encontro Bibliotecando em Tomar, numa organização conjunta das seguintes instituições: Agrupamento de Escolas Nuno de Santa Maria, Agrupamento de Escolas Templários, Câmara Municipal de Tomar, Centro de Formação ‘’Os Templários’’, Centro Nacional de Cultura, Rede de Bibliotecas Escolares e Tech&Art do Instituto Politécnico de Tomar. Desde o primeiro momento, este encontro procura  ser um espaço e um tempo de celebração do conhecimento, da cultura e do património, promovendo discussões e partilhas acerca da condição humana e da representação da nossa identidade coletiva. Os debates deste ano organizar-se-ão em torno de questões ligadas ao papel e poder da memória, do esquecimento e da inovação na construção de uma identidade individual e coletiva, que intitulamos: “Memória, Esquecimento e Inovação: Leituras de sempre”.

Nesta designação inscrevem-se os tempos da existência do Homem, assim como os rastos ou os intentos que marcam a sua presença, revelados sob a forma de concretizações artísticas e científicas que se constituem como presentificações de memórias de acontecimentos que, mais do que lembranças de tempos passados, são sobretudo modos de compreensão que o presente tem do passado. Paul Zumthor chama a atenção para as relações dialógicas que se estabelecem entre memória e esquecimento, quando afirma que: “Nos cultures ne se souviennent qu’en oubliant, ne se maintiennent qu’en rejetant une part de ce dont elles ont, au jour le jour, fait l’expérience. (…) Mémoire et oubli sont instruments conjoints et indissociables de toute action mettant en œuvre l’une ou l’autre des valeurs ainsi désignées » (Zumthor, “L’oubli et la tradition”, 1988). Por seu turno, Paul Ricœur leva mais longe o seu pensamento demonstrando que a leitura histórica do passado condiciona não só a apreensão do presente, como as esperanças futuras (Ricœur, La Mémoire, l'histoire, l'oubli, 2000). Neste contexto, as obras assumem-se, não como o registo neutro de acontecimentos, mas como um meio de compreender o modo como tem sido continuamente reconstruída a relação entre o passado e o presente e como os mitos ancorados no passado condicionam a representação do e no presente e enformam o futuro. Tal como recorda Georges Lefebvre “l’histoire est bel et bien un choix” (Lefebvre, 1971), realçando deste modo o lugar que a memória e as opções do autor jogam na reconstituição dos factos que integram a vida de toda e qualquer sociedade, concluindo Walter Benjamin que “C’est la mémoire qui forment en définitive toutes les histoires” (Benjamin, Œurvres III, 2000).

Mantendo o registo eclético das abordagens que tem caraterizado as edições anteriores, e que se constitui, por isso, como um dos nossos traços identitários, pretende-se olhar com mais atenção para as relações que a memória entretece com o esquecimento e a inovação, contando para tal com a presença de um leque de destacadas personalidades (ensaístas, escritores, políticos, artistas …) que nos ajudarão a pensar estas questões.


Para mais informações utilize o endereço: bibliotecandoemtomar2019@gmail.com

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