Joaquim Alves da Silva - Psiquiatra e investigador em neurociência básica. É actualmente membro do Programa de Formação Médica Avançada da Fundação Calouste Gulbenkian. Faz parte do Laboratório de Neurobiologia da Acção (Champalimaud Research). Nos últimos 5 anos tem estudado as bases neuronais do início do movimento, utilizando luz para controlar a actividade dos neurónios e assim perceber o papel destes no comportamento de modelos animais.
Título: Controlar circuitos neuronais com luz: Da utopia à realidade
Perceber como funciona o cérebro constitui um dos maiores desafios da humanidade. É talvez um dos melhores exemplos do espírito utópico da ciência. Como perceber um órgão que contém mais sinapses do que o número de estrelas que existem na nossa galáxia?
Uma das melhores formas de perceber como é que algo funciona é podendo desligar ou ligar partes de modo a perceber como é que estas partes influenciam o todo. Num órgão complexo como o cérebro para além de diferentes 'partes' (núcleos, córtex etc), estas partes têm diferentes 'peças' (neurónios de diferentes tipos). Francis Crick foi o primeiro cientista a propor que talvez a utilização da luz pudesse ser uma das formas de controlar o padrão de activação de diferentes subtipos de neurónios. O que parecia ser uma ideia utópica foi encarado por alguns cientistas que com contribuições diferentes tornaram possível o que se chama hoje de optogenética: A utilização de luz para controlar ou gravar a actividade de subpopulações neuronais. Nesta apresentação iremos partilhar o trabalho que temos desenvolvido utilizando estas técnicas para perceber qual é o papel dos neurónios dopaminérgicos na produção de movimentos espontâneos.