Guilherme d’Oliveira Martins (n. Lisboa, 1952)
É Presidente do Grande Conselho do Centro Nacional de Cultura e Administrador Executivo da Fundação Calouste Gulbenkian.
Licenciado e Mestre em Direito. Professor Universitário Convidado.
Doutoramento Honoris Causa pela Universidade Lusíada
Doutoramento Honoris Causa pela Universidade Aberta
Doutoramento Honoris Causa pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas - ISCSP (12 de Outubro 2016)
Foi Presidente do Tribunal de Contas (2005-2015). Nos Governos de Portugal foi, sucessivamente, Secretário de Estado da Administração Educativa (1995-1999), Ministro da Educação (1999-2000), Ministro da Presidência (2000-2002) e Ministro das Finanças (2001-2002). Foi Presidente da SEDES - Associação para o Desenvolvimento Económico e Social (1985-1995) e Vice-Presidente da Comissão Nacional da UNESCO (1988-1994). Foi Presidente da Comissão do Conselho da Europa que elaborou a Convenção de Faro sobre o valor do Património Cultural na sociedade contemporânea [Faro, (Portugal) 27 de Outubro de 2005]. Foi Presidente da EUROSAI – Organização das Instituições Superiores de Controlo das Finanças Públicas da Europa (2011-2014) e Presidente do Conselho de Prevenção da Corrupção (2008-2015).
Autor de diversas obras, entre as quais: Oliveira Martins, Uma Biografia (1986); Ministério das Finanças, Subsídios para a sua História no Bicentenário da Secretaria de Estado dos Negócios da Fazenda (1988); Escola de Cidadãos (1992); O Enigma Europeu (1994); Educação ou Barbárie? (1999); O Novo Tratado Constitucional Europeu (2004); Portugal, Identidade e Diferença – Aventuras da Memória (2007; 2ª ed. 2008; 3ª ed. 2015); Património, Herança e Memória – A Cultura como Criação, 2009, 2ª ed. 2011; Mounier: O Compromisso Político, deGuy Coq (tradução e prefácio), 2012; Na Senda de Fernão Mendes – Percursos Portugueses no Mundo, 2014, 2ª ed. 2015.
Comunicação
A indicar brevemente.
Resumo
«Quando lemos a «Utopia» de Tomás Morus percebemos que não se trata da apresentação de um modelo finalista da sociedade e do homem. A utopia, de facto, segue a etimologia e refere-se ao que não tem lugar. Trata-se, porém, de um horizonte de exigência em nome do reconhecimento da imperfeição da humanidade e da perfectibilidade das pessoas. O tempo veio a revelar que muitas utopias se tornaram tentativas de criar sociedades perfeitas ou modos de imposição – mas tal pressuporia o fechamento e a tentação da procura dos virtuosos. E os extremos tocam-se. Eis por que razão depressa as utopias se tornaram distopias. Quando Aldous Huxley fala do «Admirável Mundo Novo» usa de ironia para classificar uma suposta perfeição que esconde a opressão e a incapacidade de criar liberdade, autonomia e emancipação. Essa utopia torna-se o contrário dela mesma e esconde a subtil limitação da singularidade e da solidariedade livre. O «Grande Irmão» de George Orwell é assim a prefiguração de uma suposta vitória da técnica – hoje bem presente nos nossos omnipresentes telemóveis.
«Mil Novecentos e Oitenta e Quatro» talvez pensasse sobretudo num outro «Grande Irmão» político – mas o certo é que há uma extensa irmandade a espreitar-nos, e quase não nos apercebemos disso. E Morus alerta-nos: «se não posso prestar assentimento a tudo o que foi dito, muito embora o tenha sido por um homem que na sua grande erudição está para além de qualquer suspeita, é simultaneamente grande conhecedor das coisas humanas, também me é fácil confessar que muitíssimas coisas há na terra da Utopia que gostaria de ver implantadas nas nossas cidades, em toda a verdade e não apenas em expectativa»... Eis o desconto necessário».