Apresentação

Pelo sétimo ano consecutivo, a organização do encontro Bibliotecando em Tomar, constituída por Agrupamento de Escolas Templários, Câmara Municipal de Tomar, Centro de Formação ‘’Os Templários’’, Centro Nacional de Cultura, Instituto Politécnico de Tomar e Rede de Bibliotecas Escolares. propõe-se proporcionar um espaço de discussão e aprendizagem em torno da importância das bibliotecas enquanto agente de conhecimento e saberes.
A mudança de paradigma de Biblioteca Escolar, em finais do séc. XX proporcionou uma mudança de atitude, mas sobretudo uma mudança de expectativas quer do responsável/professor bibliotecário, quer do utilizador (alunos, docentes, restante comunidade escolar) que usufruem do serviço daquela estrutura pedagógica. Na certeza de que na Biblioteca cabe o mundo todo, esta deve constituir-se como agente activo da construção do saber e dos saberes, apresentando-se, por isso, como espaço ideal à reflexão, à partilha, ao entendimento, em suma à descoberta do mundo. A temática deste ano será “Os Outros e Nós”. Se a questão da construção identitária portuguesa tem estado sempre no âmago das reflexões dos nossos encontros anuais, nesta 7ª edição procuraremos aprofundar as discussões em torno do processo de identificação do Eu que se confronta com o Outro.
É frequente discutir-se hoje o fenómeno da globalização e as suas implicações na sociedade contemporânea. Em consequência, a problemática da identidade, referida ao caso de cada nação, torna-se cada vez mais relevante. Num campo tão vasto quanto os estudos culturais, interessa-nos, no âmbito desta sétima edição do Bibliotecando em Tomar, equacionar o modo como essa problemática surge espelhada nas várias dimensões da identidade do Homem.
Não se pode falar de identidade do sujeito sem se ter em conta a dialéctica do mesmo e do outro, dilema a que Édouard Glissant dá voz na interrogação formulada num livro sintomaticamente intitulado Introduction à une poétique du divers: “comment être soi sans se fermer à l’autre et comment consentir à l’autre sans renoncer à soi” (Glissant, 1996: 37). Trata-se no fundo da mesma problemática no âmbito da qual Ricœur convida cada um de nós a considerar-se “soi-même comme un autre”, propondo que cada um faça o esforço para distinguir o outro que habita em si (Ricœur, 1990: 14), pelo viés da narrativização da vida, vista como meio privilegiado de tomada de consciência do próprio eu.
A identidade apresenta-se, pois, como um fenómeno complexo e paradoxal que se constrói num duplo movimento de diferenciação e de assimilação – de identificação com os outros (onde se procura destacar aquilo que em nós é semelhante embora distinto) e de distinção em relação aos outros (onde se privilegia aquilo que em cada um de nós nos torna irredutivelmente distinto dos outros) (Lipiansky, 1998). A mesma perspectiva é partilhada por Ruano-Borbalan, que apresenta do seguinte modo o paradoxo sobre o qual se sustenta a identidade : “A identidade é o que é idêntico (unidade), mas é também, ao contrário, o que é distinto (unicidade)” (Ruano-Borbalan: 1998).
Assim, neste seminário, que quer ser antes de mais um espaço de reflexão, de partilha e de entendimento, pretende-se olhar com mais atenção para a importância das relações e das interações na construção identitária de indivíduos e de povos.


Registo de acreditação CCPFC/ACC-86049/16.

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