Frei Bento Domingues



Frei Bento Domingues, O.P., (Basílio de Jesus Gonçalves Domingues), nasceu a 13 de Agosto de 1934, em Travassos (Vilar – Terras de Bouro). Entrou para o Noviciado na Ordem dos Pregadores (Dominicanos) em 1953. Estudou Filosofia e Teologia em Fátima, Salamanca, Roma e Toulouse.
Como Assistente da Juventude da Igreja de Cristo Rei (Porto), em 1962 e 1963, foi responsável pela exposição,
O mundo interroga o Concílio, que levantou uma grande celeuma no Porto e foi encerrada pela PIDE, no 1º de Maio de 1963. Frei Bento Domingues foi obrigado a abandonar o País.
Nos anos 70, foi longamente interrogado pela PIDE-DGS, na António Maria Cardoso, pela sua pregação numa missa para crianças, interpretada como um ataque à guerra colonial.
Dedicou-se ao ensino e à investigação teológica desde 1965: foi professor no
Studium Sedes Sapientiae (Fátima), no Instituto Superior de Estudos Teológicos (ISET/Lisboa), no Instituto de Psicologia Aplicada, no Cento de Reflexão Cristã (CRC), na Escola de Educadoras de Infância – Maria Ulrich – e director do Instituto de S. Tomás de Aquino.
Participou com D. Luís Pereira, Bispo da Igreja Lusitana, na primeira Conferência Ecuménica, em Portugal, organizada pela Cooperativa
Pragma.
Fez parte da equipa da tradução portuguesa da revista internacional,
Concilium, a partir de 1965, e participou nos colóquios Concilium.
Tomou parte em várias iniciativas de carácter cívico: no lançamento da publicação clandestina,
Direito à Informação; pertenceu ao secretariado da Comissão Nacional de Socorro aos presos políticos, do Comité Português Pró-Amnistia Geral no Brasil; foi membro do Conselho Nacional de Imprensa. É membro do Fórum Abraâmico.
A introdução que fez à
Segunda Assembleia Livre de Cristãos de Lisboa (7 de Maio, 1974) e à Primeira Assembleia Livre de Cristãos do Porto (9 de Maio, 1974), assim como o texto, A Igreja e o 25 de Abril e a entrevista, A Igreja pode colaborar na Democratização, (Junho 1974) foram considerados, nos meios cristãos, textos de referência para uma Igreja livre num País livre. Cf. Textos Cristãos. 25 Abril. Novembro 25, Ulmeiro, Lisboa, 1977, pp. 22-24; 146-159; 194-200.
Foi um dos oradores do primeiro encontro dos
Cristãos para o Socialismo.
Durante a década de 80 colaborou, na área da Teologia da Inculturação, em cursos de reciclagem de missionários e na preparação dos Animadores de Comunidades cristãs em várias dioceses de Moçambique.
Ensinou Teologia no Seminário Maior de Luanda (Angola), no Centro Bartolomé de Las Casas (Cuzco – Perú) e na Universidade S. Tomás de Aquino (Bogotá – Colômbia).
Participou na configuração do Centro de Pedro de Córdoba (Santiago do Chile), especializado no diálogo entre Teologia e Ciências Humanas, onde também ensinou. Foi o primeiro Director do Centro de Teologia/Ciência das Religiões e da Licenciatura em Ciência das Religiões, da Universidade Lusófona.
Dirige a colecção
Nova Consciência do Círculo de Leitores. Todos os livros têm prefácio seu.
Depois de crónicas regulares no
Sempre Fixe e na Luta, mantém, desde 1992, uma coluna semanal no Público, dedicada à análise do fenómeno religioso no mundo contemporâneo.
Foi-lhe dedicado o nº2, do Ano I (2002), da Revista Portuguesa de Ciência das Religiões.
O Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, conferiu-lhe o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade, a 25 de Abril de 2004.
Foi-lhe atribuída a medalha de Ouro de Reconhecimento e Mérito, por despacho conjunto da Administração e da Reitoria da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, de 19 de Janeiro de 2005 e foi entregue em Sessão Solene no dia da Universidade, a 19 de Março de 2005.
Foi agraciado, pela Assembleia da República, com o Prémio dos Direitos Humanos, juntamente com Dr. Levi Baptista, como membros da Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos, a 12 de Dezembro de 2010.
Foi-lhe atribuído o Prémio Ângelo d’Almeida Ribeiro pela Comissão dos direitos Humanos da Ordem dos Advogados, a 12 de Dezembro de 2010.
Membro Externo da Assembleia do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa; Membro do Conselho de Ética e do Conselho Cultural do ISPA – Instituto Universitário; Membro da Academia Pedro Hispano. Membro do Conselho Geral da Universidade do Porto.
Tem muitas colaboração dispersa por obras de conjunto e por várias revistas (
Igreja e Missão; Brotéria; Communio; Seara Nova; Reflexão Cristã; Ler; etc.) e em vários jornais, assim como uma vasta participação em Congressos e Semanas de Estudo nacionais e internacionais. Foi co-fundador dos Cadernos Afrontamento (Porto), do Boletim ISET (1972-1975) e do Boletim Reflexão Cristã. Dirigiu os Cadernos de Estudos Africanos, onde publicou vários estudos.

Algumas obras publicadas:
Verdade e Ambiguidades da Inculturação Missionária, in Igreja e Missão, Cucujães, 1984;
A Religião dos Portugueses
, Figueirinhas, Porto, 1988;
A Humanidade de Deus
, Figueirinhas, Porto, 1995;
A Igreja e a Liberdade
, Figueirinhas, Porto, 1997;
A Religião e a Política
, Associação. “Palha de Abrantes”, 1988;
As Religiões e a Cultura da Paz,
Prefácio de Jorge Sampaio, Figueirinhas, Porto, 2002.
As Religiões e a Cultura da Paz,
2º Volume, Prefácio de Lídia Jorge, Figueirinhas, Porto, 2004.
Frei Bento Domingues e o Incómodo da Coerência,
Livro de Homenagem, Paulinas, 2012Frei Bento Domingues, o. p. Um mundo que falta fazer, Temas e Debates, Lisboa 2014.
Frei Bento Domingues O, P.
A Insurreição de Jesus. Temas e Debates , Lisboa, 2015



Comunicação
A religião e o 25 de Abril

Resumo
- Qual Religião? A religião em Portugal em relação com o Vaticano II.
- A religião dos que apoiavam um Estado novo ou a religião dos que trabalhavam para o derrubar? A religião dos que apoiavam a guerra colonial ou a daqueles que a contestavam?
- A religião dos movimentos da Acção católica e dos novos movimentos que foram surgindo.
- A crise doa movimentos católicos antes e depois do 25 de Abril
- A minha caracterização da religião dos portugueses e as suas insuficiências.
- Na bibliografia sobre a relação entre a Igreja Católica e o Estado destaco Duncan Simpson, A Igreja Católica e o Estado Novo salazarista, Ed. 70, 2014.

 

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